Cuidar de si mesmo pode parecer para alguns um grande desafio, e em meio à rotina do dia a dia, com as mudanças intensas e contínuas desde os primeiros momentos de pandemia da COVID-19, a realidade do autocuidado ficou ainda mais fragilizada.
A impressão que temos é de que somos atropelados constantemente pelas demandas do trabalho, da família e mal temos tempo de lançar um olhar cuidadoso para as nossas necessidades. Essa velocidade vai repercutindo na vida das pessoas, que a cada dia encontram-se mais apressadas e com pouco tempo para pensar em si, nas suas atitudes e em suas demandas de vida, seus sonhos, desejos pessoais e quereres.
Mas, primeiramente, o que é, de fato, autocuidado?
Podemos estabelecer o autocuidado como um conjunto de ações que cada indivíduo é capaz de promover no sentido de agregar benefícios próprios, promovendo a saúde e o bem-estar do corpo, da mente e do espírito e onde inclusive é tratado como um direito ao cidadão pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Diante da relevância da temática, a OMS instituiu o 24 de julho como o Dia Internacional do Autocuidado, objetivando conscientizar as pessoas na tomada de decisões em relação à própria saúde.
E por que é tão importante promover o autocuidado? Porque ele é uma forma inteligente e eficaz de melhorar aspectos da qualidade de vida, aumentar a autoestima, diminuir os custos com a saúde e, além das melhoras individuais, ele ajuda a aumentar a capacidade do praticante em cuidar do próximo.
Por onde devo começar meu autocuidado?
Bem sei que na correria rotineira de nossas atividades, reservar um tempo para tratar bem de si não é uma tarefa simples. Contudo, ainda que seja possível definir um significado, praticar o autocuidado é uma questão muito particular, que varia de pessoa para pessoa. Por isso, o importante é identificar atitudes que façam sentido para você.
Aqui, compartilho algumas sugestões de práticas para inspirar o autocuidado e, assim, ter um momento de maior conexão consigo e com o próximo.
Principalmente durante a pandemia, o índice de ansiedade, depressão e outros distúrbios associados ao humor tendem a aumentar. Abrir um canal de escuta, reservando alguns minutos para tentar se ouvir e entender o que precisa, é a prática mais necessária para começar a olhar pra si. Terapias psicológicas, práticas como meditação, exercícios de respiração e pensamentos positivos são bons exemplos.
Aquela pilha de livros que estar crescendo e já nem se lembra quando leu ou aquele curso que sempre teve condições mas está adiando, um bom jeito de retomar a sua prática é estipular pequenos avanços, como algo entre cinco ou 10 minutos na atividade. Assim, se sente que avançou e, se quiser continuar, estende a prática por mais minutos. Exercitar a mente, estimular o pensamento crítico e a criatividade, buscar e aprender algo novo ou tentar aprender um novo idioma são formas de manter estímulos constantes do cérebro.
Conhecer o próprio corpo e prestar atenção em sinais de alerta a serem cuidados, como aumento de peso, fadigas e cansaços frequentes. Procurar por uma alimentação regular, nutritiva e balanceada, praticar atividade física regularmente, restringir comportamentos nocivos, como tabagismo e abuso de bebida alcoólica, além de visitas regulares aos profissionais de saúde são práticas a serem estimuladas.
Como foi bem estabelecido em diversas pesquisas, o contato com a natureza reduz o estresse. Ficar um pouco mais próximo da natureza é, para muita gente, uma forma muito poderosa de recarregar energias. Coloque os pés na grama, sinta as folhas das árvores. Olhe para os animais e vai ver quanta vida está acontecendo na natureza.
Se normalmente as relações humanas são complexas, nesses tempos de pandemia estão ficando ainda mais. Precisamos acolher que somos humanos, frágeis, aceitar nossos limites e os dos outros. Buscar viver em harmonia com as pessoas ao redor, manter contato com familiares e amigos, através de telefonemas e mensagens, e evitar pessoas que induzem a certa negatividade.
Neste momento de tantas dúvidas e vulnerabilidades, somos convidados a cultivar a compaixão e a desenvolver resiliência. A prática de meditação, voluntariado, participar de missas ou cultos (conforme a orientação religiosa) são importantes meios de cultivar sentimentos de paz e propósito dentro de si e ao redor.
Finalizando, é interessante que não veja o autocuidado como mais uma tarefa da qual você precisa obrigatoriamente fazer ao longo do dia ou que gere mais culpa por não conseguir manter em dia. Vá no seu tempo e no seu ritmo, que tudo estará bem. Fica aqui o convite para começar hoje mesmo a priorizar o seu autocuidado!