Go Back Up

ESTRESSE NA PANDEMIA: COMO IDENTIFICAR E COMBATER

Jun 24, 2022 4:21:59 PM Psicólogo Pedro Ítalo dos Santos - CRP 11/13765 7 min de leitura

ESTRESSE-NA-PANDEMIA-COMO-IDENTIFICAR-E-COMBATER-1-2000x1125

por Pedro Ítalo dos Santos (CRP 11/13765)

Você sabe o que é, de fato, o estresse? Com certeza, já deve ter ouvido alguém falar, em casa ou no trabalho, sobre estar estressado ou com muita coisa estressante para resolver… Mas o que é estresse, do ponto de vista científico?

Sufocar, apertar, constranger, exigir e estrangular. Esses são os significados da palavra em  latim stringere, originária da palavra estresse. Quando você escuta essas palavras, imagino que já consegue imaginar um momento em que passou por alguma situação que causou estas sensações em você em algum momento na sua vida. E, provavelmente, com a pandemia, estas sensações devem ter aumentado. 

O estresse define o conjunto de reações no organismo causadas pelas diversas formas de agressão física ou verbal ou traumas psicológicos e sociais que a pessoa pode passar e que vão influenciar no equilíbrio de sua saúde física e mental. Isso significa que o estresse é a reação do nosso corpo aos fatores externos que, de alguma forma, atacam nosso eu, seja em relação à integridade física, mental, emocional ou mesmo às nossas crenças particulares.

Talvez você esteja pensando: “mas no mundo de hoje, é impossível viver sem estresse!”. E os teóricos que estudam sobre o tema concordam com você, é exatamente isso, mesmo!!!

O médico endocrinologista húngaro Hans Hugo Bruno Selye, mais conhecido como Hans Selye, foi o primeiro a se interessar no tema e iniciou em 1936 sua pesquisa sobre o estresse, seus benefícios e malefícios para o ser humano, na Universidade McGill, em Montreal, no Canadá.

Durante suas pesquisas, Selye deparou-se com as pesquisas do fisiologista Walter Cannon, que descrevia um processo de homeostase, “que é a tendência de busca do estado de equilíbrio fisiológico do organismo, e a resposta de luta-ou-fuga, que é a preparação do organismo para lutar ou fugir quando confrontado com uma situação de ameaça”, que, segundo diz sua tese, considerava que o estresse era um momento de desequilíbrio da homeostase que acontecia não só com o ser humano, mas com qualquer animal exposto a uma situação de perigo ou alerta – exatamente para permitir ao corpo preparar-se, caso precise lutar para sua sobrevivência.

Nesse contexto apresentado por Cannon, o estresse é como a adaptação do organismo para enfrentar as situações de ameaça à sua existência ou àquelas que perturbem o seu equilíbrio interno (o tal processo de homeostase).

Mas, a pesquisa de Hans Selye foi pioneira quando começou a considerar os efeitos maléficos que esse processo causaria ao ser humano, se exposto em demasia. Após intensas pesquisas, o endocrinologista chegou a uma tese que apresenta dois tipos de estresse: o eustresse e o distresse.

Para ele, o eustresse ocorre naquelas situações que já passamos anteriormente e sabemos como enfrentar, do tipo que não vão causar prejuízos à nossa saúde, porque temos tudo sob controle. Nesse exemplo, onde você já tem na sua cabeça um manual de o que fazer quando isso acontece, quando algo rotineiro dá errado, você fica alerta, mas consegue logo contornar e resolver, sem maiores danos.

O distresse é que costuma ser o real problema, já que ele acontece quando não temos escolha e precisamos enfrentar uma situação ameaçadora. Esse é o chamado “estresse negativo” e, para ele, não costumamos saber bem o que fazer…

Um fator externo que tem causado distresse de forma ampla e intensa na nossa sociedade, por exemplo, é a pandemia da covid-19! Quem pode dizer que estava preparado ou que sabia exatamente o que fazer e quanto tempo duraria, desde as primeiras notícias de sua chegada? A pandemia por conta da covid-19 foi uma situação externa ameaçadora e que mexeu de forma marcante com a vida de muitas pessoas – todo mundo, do nível social que for, passou por mudanças durante esse período. Por isso, é certo dizer que essa foi uma fonte muito grande de estresse negativo para grande parte da população.

E os números concordam… Em pesquisa feita entre os meses de março e abril de 2020 – o primeiro ano da pandemia aqui no Brasil – houve um aumento de 80% na ocorrência de ansiedade e estresse. A pesquisa comparou as respostas de 1460 pessoas durante esse período de quarentena mencionado, ou seja, entre março e abril de 2020. Mostrando o aumento causado pelo período de quarentena. Por esse motivo, acho tão importante abordarmos esse tema!

Ainda segundo os pesquisadores do tema, o estresse possui algumas fases importantes de sabermos identificar! Ao ler sobre as fases, caso se encontre, se veja no texto ou perceba que alguma destas coisas aconteceu com você, independente da fase em que você se encontre, sugiro fortemente a busca por ajuda. Os profissionais de Saúde Mental, no papel de um psicólogo ou psiquiatra, são os mais qualificados para ajudar a lidar com esse momento tão difícil. Procure ajuda, não hesite em chamar.

Chamada pela ciência de “síndrome geral de adaptação”, o estresse negativo tem três fases principais, sendo elas: reação ao alarme, fase de resistência e fase de exaustão.

A fase de reação ao alarme se divide, por sua vez, em duas: fase de choque e fase de contra-choque. Na fase do choque a pessoa se defronta com a situação estressora, toma aquele susto e, então, o corpo todo se prepara para encarar o que quer que seja que está causando esse estresse! Seu corpo começa então a desencadear uma série de reações físicas que te deixam naquela tensão, pronto para encarar o desafio e, quando este for vencido, seu corpo pode relaxar.

O problema é que existem situações que não passam assim tão rápido como gostaríamos… e essa pandemia está aí para provar!

Nesse momento, em que a situação estressora não passa, o corpo vai buscando se adaptar àquela situação de tensão e você entra na segunda fase do estresse, que é a fase de resistência. O organismo se acostuma com aquela situação de estresse, para que as respostas nessa situação já sejam antecipadas, pois você já sabe que aquele fator estressor vai acontecer. É a partir do prolongamento dessa fase que é possível ver as primeiras consequências emocionais e físicas do estresse.

Entramos, então, na terceira fase, onde o corpo da pessoa começa a apresentar falhas, devido ao esgotamento causado pelo estado de tensão constante. Há desgaste da energia mental e física, até mesmo baixa nos nutrientes do corpo, o que causa queda na produtividade e na capacidade de trabalhar.

As causas do estresse podem ser várias e surgir tanto de fatores externos, como a pandemia, assim como internos – que normalmente provêm dos conflitos pessoais de cada um.

Você, que leu até aqui, deve estar se perguntando “se o estresse existe e é inevitável, ainda mais no contexto da pandemia… o que eu faço agora?”. A seguir, trouxe algumas dicas de como combater o estresse.

Primeiro de tudo, se você já se identifica num quadro de estresse elevado, seja pela situação da pandemia ou mesmo por alguma outra situação particular sua, a dica mais importante é: procure um profissional da Saúde Mental.

É comprovado cientificamente que a terapia breve mostra resultados eficazes até mesmo para quadros graves de estresse traumático. Em uma pesquisa com 27 mulheres durante maio de 2008 e novembro de 2009 a psicoterapia ultra-breve mostrou-se eficaz para o tratamento do Transtorno de Estresse Pós-Traumático. A terapia online previu níveis mais baixos de depressão e ansiedade durante a quarentena. Foram entrevistados 360 brasileiros no início da quarentena e um mês depois. E existem casos em é preciso também da consulta com o médico psiquiatra, caso haja a necessidade de uso de terapia medicamentosa junto ao tratamento psicológico, para aliviar os sintomas causados pelo estresse.

A principal dica que aparece em qualquer literatura sobre o assunto tem como foco principal o controle da exposição a estas tensões! Isso significa que a melhor maneira de tratar o estresse é pela profilaxia – evitando expor-se.

Se, por exemplo, assistir ao jornal e ver notícias sobre o avanço da covid ou o cenário político atual te deixa tenso, evite assisti-lo! Filtrar o que chega até você e a qualidade daquela informação é importante e pode ser um grande aliado para evitar o estresse.

Outra forma de combater o estresse, é com a prática constante de atividade física. Se você fizer atividade física por cerca de 30 minutos, seu organismo vai começar a produzir a beta endorfina, uma substância que traz sensação de tranquilidade e bem estar – coisas que dificultam o aparecimento do estresse.

Além disso, manter uma alimentação equilibrada e fazer com que seu corpo tenha sempre todos os nutrientes que precisa para o funcionamento, também ajuda no combater ao estresse.

O Amar.Elo Saúde Mental é uma plataforma online de Teleatendimento em Saúde Mental, e nós, daqui da Equipe do Amar.Elo, ouvimos você, ouvimos as suas dores e sabemos das suas dificuldades. Exatamente por isso que estamos aqui, para ser esse apoio e Cuidado Além da Tela que você precisa para lidar com os momentos difíceis e seguir em frente. Conte conosco.

Referências:

SANTOS, Maurici Tadeu Ferreira dos; GOMES, Mara H. Estresse e Modos de Andar a Vida: uma contribuição de Canguilhem para a compreensão da Síndrome Geral de Adaptação. Saúde e Sociedade, v. 21, p. 788-796, 2012.

CANDEIRA, Michele Campos. Os efeitos psicossomáticos do estresse. 2002

KRUEL, Letícia Rosito Pinto. Avaliar os efeitos da psicoterapia ultra-breve no transtorno de estresse agudo e no transtorno estresse pós-traumático. 2010.

JUNQUEIRA, Luís. A IMPORTÂNCIA DA DETECÇÃO DO ESTRESSE: psicofisiologia e impacto na saúde física e mental das pessoas. Psychiatry On Line Brasil, v. 20, n. 12, dez. 2015. Disponível em: https://www.polbr.med.br/ano15/art1215.php. Acesso em: 13 maio 2021.

FILGUEIRAS, Alberto; STULTS-KOLEHMAINEN, Matthew. Fatores associados a mudanças nos desfechos de saúde mental entre brasileiros em quarentena devido ao COVID-19. MedRxiv , 2020.

https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2020.05.12.20099374v2.full.pdf

FILGUEIRAS, Alberto; STULTS-KOLEHMAINEN, Matthew. A relação entre fatores comportamentais e psicossociais entre brasileiros em quarentena por COVID-19. Disponível em SSRN 3566245 , 2020.

https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3566245

 

 

Psicólogo Pedro Ítalo dos Santos - CRP 11/13765

Ready to Transform your Business with Little Effort Using Brightlane?